Saudações iniciais.
Este momento que agora vivemos marca o fim de um lindo ciclo em minha – em nossas vidas: a conclusão do Ensino Médio. Indiscutivelmente, esta trajetória é ornada de muitas descobertas, conquistas, desilusões e também fracassos. Mas, para nos tornarmos fortes, devemos vencer tudo isso com o curso de nossa caminhada. Embora haja momentos difíceis, o melhor é termos com quem dividi-los: nossos amigos e nossas famílias, aqueles com quem, diariamente, estamos compartilhando inúmeras coisas.
Por vezes, dei início à escrita deste texto, mas parava pelo meio do caminho, ou devido a um forte fluxo de lembranças, ou por querer que esse dia fosse adiado para podermos viver mais o nosso último ano. Como eu acredito na inspiração, esperei, e o momento certo chegou. Esperei viver o último dia como aluno Neves para poder prosseguir, porque a intenção é transportar para cá pelo menos uma porção do que é carregar essa marca.
Há três anos, desde que entrei no Colégio das Neves, venho me realizando cada vez mais como pessoa, como estudante, como um cidadão do mundo. Sempre fui perspicaz nas minhas decisões e perseverante nos meus sonhos. Assim, vislumbrando muitos horizontes e abrindo veredas para chegar à conquista deles, me mudei para Natal. Vinha do interior, do Educandário Nossa Senhora das Vitórias, da mesma Província, trazendo comigo muitas saudades de casa, da minha família, dos amigos, de cada lugar, mas determinado em alcançar grandes objetivos.
Aqui, sob o olhar amparador de Nossa Senhora das Neves, encontrei pessoas extraordinárias que me apoiaram, me estenderam a mão e me ofertaram um abraço amigo. Sem elas, muitas coisas não teriam sido possíveis. Transpus barreiras que, até então, para mim, pareciam intransponíveis, mas esse apoio constante me mostrou a possibilidade positiva que há em cada começo.
Aquele menino de 14 anos olhava para dentro de si e via, além de um coração entusiasmado com a nova rotina, muitos medos e dúvidas. A palavra de ordem era timidez: ele que sempre fora comunicativo, parecera ter desaprendido a se expressar; aos poucos, dava-se o luxo de estampar um contido sorriso para quem lhe cumprimentasse. Não passava disso. Mas, dentro de poucos dias, encaixou-se naquela rotina que passaria a ser sua, com traços de independência, mas também com lastros de medo.
O Colégio das Neves, embora parecesse um ambiente estranho, tinha um muito de minha casa: eu via pelas paredes fotografias de irmãs das quais eu poderia falar livremente, sem sombras de dificuldades. Afinal, eu cresci cercado por uma forte ligação das Filhas do Amor Divino com minha família. Portanto, movido por esse sentimento, aos poucos, fui me encontrando.
O primeiro grupo do qual fiz parte foi o Neves Voluntário, executando trabalhos missionários e filantrópicos. Com isso, pude ver ainda mais de perto a máxima maior das Irmãs: "Tudo por Deus, pelos pobres e por nossa Congregação". Assim, dei o primeiro passo na minha trajetória enquanto aluno Neves e fui me engajando em muitas atividades. Paralelamente a isso, comecei a construir novas amizades, das quais uma boa parte está comigo ainda hoje, partilhando desse momento.
Surgiu, então, o sonho de fazer parte do Centro Cívico Escolar Madre Auxiliadora Nóbrega de Almeida, nosso tão amado CCE-MANA. Formamos o grupo e demos os primeiros passos rumo à realização do ideal, o que foi alcançado em março de 2020. Ao passo que nos preparávamos para a esperada posse, uma crise mundial se avolumava às nossas costas. Assim, muitas transformações e dificuldades nos esperavam e nos fizeram experimentar o novo.
Ainda hoje, estamos vivendo fortes consequências disso. Aprendemos a conviver com muitas restrições e inovações. Algumas mais cômodas, outras mais restritivas, como aprender a identificar o sorriso do outro apenas pelos olhos. E, assim, vamos superando dia após dia muitas dificuldades. Por isso, hoje também devemos render graças a Deus por podermos estar juntos celebrando essa conquista que é nossa, que é de nossa família.
Meus pais e minha família, vocês foram fundamentais para que esse dia chegasse. Até aqui, vocês não mediram esforços para empreender sonhos em nosso favor e fazê-los reais. Nos caminhos tortuosos, encontramos alento em seus colos. Nos momentos felizes, a companhia certa para a comemoração. O fim desse ciclo escolar significa também o início de nossas responsabilidades adultas, em que é chegada a hora de fazermos valer a pena tudo aquilo que nos fora ensinado desde a infância. Vocês são inspiradores. Muito, muito obrigado por tudo!
Ao Colégio das Neves e seus educadores, renovo aqui toda a gratidão já expressa por mim em nossa aula da saudade. Diante de todo o bem que vocês nos proporcionaram, não podemos nos abster de sequer um segundo para agradecer e deixar claro o nosso amor por esse solo sagrado, em que plantamos sonhos e verdades. Professores, funcionários, Irmãs, Padres, saibam que vocês protagonizam em nossas vidas importantes papéis de amor e doação.
Meus amigos, agora dirijo-me de modo muito especial a vocês. Só chegamos até aqui graças à cooperação, ao companheirismo, ao carinho e à lealdade existente entre nós. Esses elementos foram fundamentais para que construíssemos juntos uma história. A partir de hoje, seguiremos caminhos diferentes – para outras cidades, estados e até países –, mas devemos lembrar-se de que um dia houve entre eles uma intersecção, em que vivemos momentos inesquecíveis. Todos nós temos um muito para falar do Neves Voluntário, da ANL, do CCE-MANA, dos JINS, dos JOIS, do Encontrão, dos muitos 5 de agosto com direito à picolé de chiclete e presente do aluno. Todas essas memórias construirão em nós uma sólida base afetiva. Embora distante, seguiremos juntos.
"Criaturas", nós somos "Filhos do Amor Divino". Por isso, "sejamos felizes!" Escutamos por diversas vezes, durante inúmeros momentos de nossas vidas, três trechos dessa última frase: o autêntico "criaturas" do nosso Paraninfo Edson Moisés; o inconfundível "Filhos do Amor Divino", do Historiador Henrique Lucena; e o amoroso "sejamos felizes!", ouvido quase todas as manhãs na voz da adorada Irmã Ana Regina. Aqui, despeço-me com o coração grato e feliz.